terça-feira, 23 de abril de 2013

Os três princípios


Os princípios que inspiraram Jigoro Kano quando da idealização do judo foram:

- Princípios da máxima eficácia do corpo e do espírito (  Seiryoku Zen`Yo).
É ao mesmo tempo a utilização global , racional e utilitária da energia do corpo e do espírito  Jigoro Kano afirmava que este principio deveria ser aplicado para melhorar a nutrição, o vestuário, a habitação, a vida em sociedade, a actividade nos negócios na maneira de viver em geral. Estando convencido que o estudo desse principio , em toda a sua grandeza e generalidade, era muito mais importante e vital do que a simples prática de uma luta.
Realmente, a verdadeira inteligência deste princípio não nos permite aplicá-lo  somente na arte e na técnica de lutar, mas também nos presta grandes serviços em todos os aspetos da vida.
Segundo Jigoro Kano, não é somente através do judo que podemos alcançar este principio.
Podemos chegar à mesma conclusão por uma interpretação das operações canadianas, através de um raciocínio filosófico.

- Princípio da prosperidade e benefícios Mútuos (Jita Kyoei).
Diz respeito à importância da solidariedade humana para o melhor bem individual e universal.
Achava ainda que a ideia do progresso pessoal devia do progresso devia ligar-se a ajuda ao proximo, pois acreditava que a eficiência a eficiência e o auxilio aos outros não só um atleta melhor como um ser humano mais completo.

- Princípio da suavidade (Ju).
    
Ju ou suavidade , é o mais directamente físico  mas que no entender de Jigoro Kano deveria ser levado ao plano intelectual. Ele mesmo nos explica este terceiro princípio durante um discurso proferido na Universidade da Califórnia sul, por ocasião das olimpíadas de 1932:

"Deixem-me agora explicar o que significa, realmente esta suavidade ou cedência.

Supondo que a força do homem se poderia avaliar em unidades, digamos que a força de um homem que está na minha frente é representada por 10 unidades, enquanto que a minha força, menor que a dele, se apresenta por 7 unidades.

Então se ele me empurrar com toda a energia, eu serei certamente impulsionado para trás ou atirado ao chão, ainda que emprega toda a minha força contra ele.

Isso acontecera porque eu tinha usado toda a minha força contra ele,  opondo força contra força. Mas, se em vez de o enfrentar, eu cedesse a força recuando o  meu corpo tanto quanto ele o havia empurrado mantendo, no entanto, o equilíbrio, então ele inclinar-se-ia naturalmente para trás prendendo assim o seu próprio equilíbrio.

Nesta posição ele poderia ter ficado tão fraco, não em capacidade física real, mas por causa da sua posição difícil, a ponto de a sua força ser representada  de momento, por digamos apenas 3 unidades, em vez das 10 unidades normais. 

Entretanto eu, mantendo o meu equilíbrio conservo toda a minha força tal como a de início, representada por 7 unidades.

Contudo, agora estou momentaneamente numa posição vantajosa e posso derrotar o meu adversário utilizando apenas metade da minha energia, isto é, metade das minhas 7 unidades ou 3 unidades e meia da minha energia contra as 3 dele.

Isso deixa uma metade da minha energia disponível para qualquer outra finalidade.

No caso de ter mais força do que o meu adversário poderia, sem dúvida empurrá-lo também.

Mas mesmo neste caso, ou seja, se eu tivesse desejado empurrá-lo igualmente e pudesse fazê-lo, seria melhor para mim ter cedido primeiro, pois procedendo assim teria economizado a minha energia."






quinta-feira, 18 de abril de 2013

Nascimento do judo

Baseado nesses inconvenientes, um jovem que na adolescência se sentia inferiorizado sempre que precisasse despender muita energia física para resolver um problema resolveu modificar o tradicional ju-jitsu , unificando os diferentes sistemas transformando-o num poderoso veículo de educação física o seu nome era Jigoro Kano.

Pessoa alta cultura geral, ele era um esforçado de ju-jitsu. Procurando encontrar explicações científicas aos golpes, baseados em leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as melhores as melhores técnicas dos vários sistemas de ju-jitsu , dando ênfase principalmente no ataque aos pontos vitais e nas lutas de solo do estilo Tenshin-Shinyo-Ryu e nos golpes de projeção do estilo Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como o do equilíbrio, gravidade e sistema de alavancas nas execuções dos movimentos lógicos.

Estabeleceu normas a fim de tornar a aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto  desportivo, baseado no espírito do ippon-shobu ( luta pelo ponto completo ).
Procurou demonstrar que o ju-jitso aprimorado, alem da sua utilização para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinária oportunidade no sentido de serem superados as próprias limitações do ser humano.

Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu ( Escola do coração de Salgueiro); esta baseava-se no principio de "ceder para vencer", utilizando a não combate o praticante tinha como o único objetivo a vitória. No entender de Kano, isso era totalmente errado. Uma atividade física deveria servir em primeiro lugar, para a educação global dos praticantes. Os cultores profissionais do        ju-jitso não aceitavam tal concecão. Para elas o verdadeiro espírito do ju-jitso não aceitavam tal conceção.       
Para eles o verdadeiro espírito do ju-jitso era o shin-ken-shobu ( vencer ou morrer, lutar até a morte).

Por forças das suas ideias, Jigoro Kano era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores sa época, mas não mediu esforços para idealizar o novo ju-jitso, diferente, mais o num poderoso veículo de educação física. Chamando o seu novo sistema de judo, ele pretendeu elevar o termo "jitsu"                         ( arte ou prática ) para "do" , ou seja para caminho ou via, dando a entender que não se tratava apenas de mudança de nomes, mas que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentação filosófica.

Em Fevereirode 1882, no templo de Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola de judo,denominada Kodokan (Instituto do caminho de Fraternidade), já que "Ko" significa Fraternidade, irmandade; "Do" significa caminho , via; e "Kan" instituto.


História do judo

Decadência e renascimento do Ju-jitsu.
No ano de 1864, o comodoro Matthew Perry, comandante de uma expedição naval americana, conseguiu fazer com que os japoneses abrissem seus portos ao mundo com tratado " Comércio, Paz e Amizade". Abrindo seus portos para o Ocidente, surgiu na terra do Sol Nascente uma tremenda transformação político-social, denominada Era Meiji "Renascença Japonesa", promovido pelo imperador Mutsu Hito (1868-1912). Anteriormente, o imperador exercia sobre povo influência e poderes espirituais porém com a " Renascença Japonesa" ele passou a ser o verdadeiro comandante da terra das cerejeiras.

Nessa dinâmica época de transformações de inovações radicais os nipónicos ficaram avidos por modernizar-se e adquirir a cultura ocidental. Tudo aquilo que era tradicional ficou um pouco esquecido, ou melhor, quase que totalmente renegado. Os mestres do ju-jitsu perderam as suas posições oficiais e viram-se forçados a procurar emprego em outros lugares. Muitos tiveram de recorrer à luta e exibição em feiras.

A ordem proibindo os samurais de usar espadas em 1871 assinalou um subtil declínio em todas as artes marciais, e o ju-jitsu não foi uma excepção, sendo considerado como uma relíquia do passado. Como não era difícil acreditar, tempos depois surgiu uma onda contraria às inovações radicais. Havia terminada a onda chamada febre ocidental. O ju-jitsu foi recolocado na sua posição de arte marcial, tendo o seu valor reconhecido., principalmente pela polícia e pela marinha. Apesar da sua indiscutível eficiência para a defesa pessoal, o antigo ju-jitsu não podia ser considerado um desporto, muito menos ser praticado como tal. Não haviam regras tratadas pedagogicamente e nem mesmo padronizadas.

Os professores ensinavam às crianças os denominados golpes mortais e os traumatizantes e perigosos golpes baixos. Sendo assim, quase sempre, os alunos menos experientes, magoavam-se seriamente. Valendo-se das suas superioridades físicas, os maiores chegavam a espancar os menores e mais fracos. Tudo isso fazia com que o ju-jitsu gozasse de uma certa impopularidade, logicamente, entre as pessoas esclarecidas e que possuíssem um pouco de bom senso. O ju-jitsu entrava noutra fase de decadência.

Introdução

Judo (judo 柔道 - significa caminho suave)  é uma arte marcial praticada como desporto, fundada por Jigoro Kano em 1882. Os seus objectivos são fortalecer o físico, a mente, o espírito de forma integrada, para além de desenvolver técnicas de defesa pessoal. Teve uma grande aceitação em todo o mundo, pois Kano conseguiu reunir a essência do jiu-jitsu, arte marcial praticada pelos bushi, ou cavaleiros durante o período Kamakura (1185-1333), a outras artes da luta praticadas no oriente e fundi-las numa única e básica. O judo foi considerado desporto oficial no Japão nos finais do século XIX e a polícia nipónica introduziu-o nos seus treinos. O primeiro clube do Judoca na Europa foi o londrino Budokway (1918).

A vestimenta utilizada nessa modalidade é o keikogi (não confundir com kimono), que no judo recebe o nome de judogi, e que com o cinturão forma o equipamento necessário à sua prática. O judogi pode ser branco ou azul, ainda que o azul seja utilizado normalmente para facilitar as arbitragens.

Com milhares de praticantes e federações espalhadas pelo mundo, o judo tornou-se num dos desportos mais praticados, representando um nicho de mercado fiel e bem definido. Não restringindo os seus adeptos a homens com vigor físico e estendendo os seus ensinamentos a mulheres, crianças e idosos, o judo teve um aumento significativo no número de participantes.

A sua técnica utiliza basicamente a força e peso do oponente contra ele. Palavras ditas por mestre Kano para definir a luta: "arte que usa a máxima força física e espiritual". A vitória, ainda segundo o seu mestre fundador, representa um fortalecimento espiritual.